
A inocência de duas meninas e a crueldade e covardia de um
assassino não permitiram que as crianças voltassem mais com vida para casa,
desde a manhã da última sexta-feira (21). Pâmela Magalhães tem apenas as
lembranças e o último beijo no rosto que a filha, Karoline Victória, de 8 anos,
deu antes de ir à padaria. “Ela era muito vaidosa, tinha se arrumado porque
íamos para a casa da minha mãe depois do café. Ela ‘tava’ com fome e pediu
dinheiro para ir até a padaria que fica próximo de casa”. Mas ela nunca
imaginou que os poucos metros se tornariam tão longe, ao ponto de não
reconhecer a filha mais velha quando foi encontrada já morta.
O mesmo desespero de Pâmela, foi dividido pela amiga, Maiara
Pinheiro, mãe de Ana Clara, de 6 anos, que acompanhou Victória até a padaria
naquela manhã. “Eu nunca deixava ela ir sozinha a canto nenhum. Ela sempre me
pedia quando ela queria ir. A outra menina chamou ela, mas não me avisou. Só
ouvi o portão de casa bater”, relata.
As duas moravam juntas há pouco tempo em um kit-net no bairro
do Tenoné. Maiara e Pâmela sentiram falta das crianças depois de 15 minutos.
Foi quando a mãe de Ana foi procurá-las. Segundo ela, uma funcionária da
padaria confirmou que as meninas chegaram a comprar pão, mas tudo aconteceu
quando as meninas retornavam para casa, o que, para a polícia, ainda é um
mistério. De acordo com as mães, elas não possuem contato, tampouco amizades
com a vizinhança daquele local.
Desesperadamente elas passaram então a procurar as meninas. A
angústia foi tomando conta das mulheres a cada hora que passava e sem nenhuma
informação a respeito delas. Foram até à delegacia e ao Conselho Tutelar, mas
não tiveram sucesso, até que, no início da noite, por volta das 19h30, a
polícia foi comunicada sobre um dos corpos abandonados no final do conjunto
Helena Coutinho, no mesmo bairro.
O desespero parece ter sido maior quando Maiara e Pâmela
encontraram as crianças. Antes era por não saber do paradeiro, agora, diante do
corpo, todo esfaqueado, com vários hematomas e escoriações.
A primeira a ser encontrada foi Victória. “Não reconheci a
minha filha. Estava toda furada, muito machucada. Vi ela toda encolhida e
semi-nua. “As sandálias das meninas estão desaparecidas”, acrescentou.
Poucos minutos depois, Ana Clara foi encontrada em uma
ocupação distante, conhecida como Badote. “Ele maltratou muito a minha filha.
Ela era tão agitada, tão esperta. Por que fizeram isso com ela? Por quê?”, se
questionava Maiara, em cima do caixão e inconsolada.
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