
Foto JR Avelar
Detido cinco horas após, supostamente, praticar um crime
hediondo quando, segundo suas próprias palavras, matou e possivelmente estuprou
uma menina de apenas quatro anos na comunidade Bom Jesus, localizada em uma
área rural no município de Marituba, o piauiense Ronaldo Ferreira Lima, de 35
anos, após negar por uma noite inteira, acabou confessando o assassinato.
Ronaldo Ferreira Lima foi detido tão logo moradores da área
encontraram o corpo da menina jogado dentro de uma mata distante um quilômetro
de onde tinha desaparecido na tarde de sexta-feira (20), após ter sido deixada
pela mãe brincando no terreno enquanto esta preparava o mingau da criança.
A imprensa acompanhou todos os passos do suspeito, desde
quando ainda ele buscava, com moradores da comunidade, encontrar o corpo da
menina na tarde e na noite da ultima sexta-feira. Apontado por um morador como
sendo a única pessoa que foi vista saindo do terreno, logo ele passou a ser um
forte suspeito, mesmo diante da frieza de negar o crime.
Ronaldo Ferreira Lima foi levado para a Seccional Urbana de
Marituba, onde o delegado Renato Wanghon o submeteu a um interrogatório,
contudo sem extrair a confissão. Entregue o caso ao delegado Lenoir Cunha,
Ronaldo Lima foi recambiado para a Divisão de Homicídios e novamente
interrogado pelos policiais, que, de posse de algumas informações, começaram a
montar o quebra-cabeças.
O diretor da Divisão de Homicídios, delegado Claudio Galeno,
também interrogou Ronaldo Ferreira Lima pela madrugada, enquanto isso os investigadores
Eder, Matos e Luis Marcos caíam em campo para buscar as provas que precisavam
para provar que o detido era o assassino de menina Caroline Vitória.Vencido
pelo cansaço, Ronaldo Ferreira Lima, às 10h de sábado (21), pediu para falar
com o patrão dele, a pessoa que ele disse confiar, e durante meia hora
confessou o crime e pediu para falar com o delegado Lenoir Cunha, O
depoimento do suspeito durou mais de quatro horas e o delegado Lenoir Cunha,
com uma equipe reforçada pela delegada Maria Lucia Santos, autuou em flagrante
Ronaldo Ferreira Lima, que vai responder pelo artigo 121 parágrafo 2º incisos I
e II, reforçado pela lei 8072/90, que trata dos crimes hediondos.
Apresentado à imprensa, o suspeito foi monossilábico em suas
declarações, transferindo para a Polícia Civil a missão de revelar o que ele
disse no depoimento. “Tudo que fiz falei pro delegado”, repetia ele.A imprensa,
que acompanhou tudo, continuou a saga de ouvir de viva-voz o relato de Ronaldo
Ferreira Lima. Perguntado sobre os momentos antes do crime, Ronaldo Ferreira
Lima disse que passava pelo terreno rumo ao mato para satisfazer uma
necessidade fisiológica quando pisou na menina que estava abaixada brincando no
terreno. “Eu pisei acho que no pescoço dela e, como vi que não tinha ninguém
olhando, sai carregando ela pelo meio do mato, me afastando do local”, disse o
covarde assassino.A narrativa de Ronaldo Ferreira Lima é impressionante.
Tudo foi gravado em vídeo e ele descreve que, ao chegar ao
local onde consumou o crime, esganou a criança, possivelmente até matar, depois
tirou a roupinha da menina e, nesse ínterim, ele não lembra se a
estuprou.Questionado sobre o estupro, ele vagueia com olhar perdido na sala,
sendo interrompido por esse repórter, que pede para ele olhar para a câmera. Aí
ele responde. “Eu não sei se eu ‘peguei’ ela. Eu estava ‘bebido’, mas, se o
exame constatar, então fui eu”, explica, sem demonstrar arrependimento.
Questionado sobre o sangue encontrado em sua bermuda e em
suas mãos, o suspeito novamente tentou dissimular uma situação possivelmente de
suas unhas terem cravado no pescoço da menina na hora em que ele a matava. A
entrevista segue tensa com questionamentos mais rigorosos. Levantamos o tom da
voz para observar a reação de Ronaldo Ferreira Lima e ele, com calma, seguiu a
sua linha de raciocínio, afirmando que, depois de matar a menina, saiu do local
e foi para a casa de um amigo.Novamente questionado sobre a dissimulação de sua
parte indicando um local diferente para os militares do Corpo de Bombeiros
fazerem a procura da menina, então desaparecida, ele muda de assunto.
Sendo novamente inquirido, Ronaldo Ferreira Lima confirma.
“Eu dizia para eles que ela só poderia ter sumido para aquele lado”, na verdade
o oposto de onde foi encontrada. Finalmente veio a pergunta que se faz a todo
assassino. Você está arrependido? E Ronaldo Ferreira Lima pensa um pouco e
confirma que estava arrependido. Perguntado se tinha consciência do que o
esperava na cadeia, ele emudece e sai, sendo agora conduzido por uma escolta
armada do Grupo de Pronto Emprego da Polícia Civil até um presídio não
revelado.
Blog do Odecy Guilherme
(Diário do Pará)
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